quarta-feira, 27 de maio de 2015

Cadeia neles!


 

 

Demorou, mas, finalmente, a polícia entra no campo do futebol.

 

Com a prisão de sete dirigentes da Fifa em Zurique, abrem-se as portas da imensa e robusta caixa preta que é a Fifa.

Sabe-se, há muito, que o mundo do futebol é cheio de escorregadios meandros financeiros.  Tão escorregadios que sempre escapavam. Assim como no Brasil sempre se soube da roubalheira na política, até que a operação Lava Jato começou a colocar pessoas famosas na cadeia.

O esquema chegou à Fifa.

Em 1974, a Fifa fazia parte de um mundo pequeno, tinha uma pequena e modesta sede em Zurique. Foi quando João Havelange assumiu a presidência.

Ao deixá-la, em 1998, substituído pelo atual presidente Joseph Blatter, a Fifa havia se transformado numa grande potência, com orçamento bilionário e com a participação de 209 países. Mais membros do que a própria Onu.

Pouco anos depois, começaram a pipocar os escândalos.

Uma grande empresa internacional de marketing esportivo, a ISL, foi à falência e soube-se então que havia um rombo de US$ 122 milhões que foram gastos em suborno. Parte dessa imensa verba foi gasta na venda dos direitos de televisão para as Copas do Mundo de 2002 e 2006.

Foi quando o escândalo chegou ao Brasil, atingindo João Havelange e seu ex-genro Ricardo Teixeira.

Havia sobre os dois a acusação de apropriação indevida de cerca de US$ 20 milhões. Terminou tudo numa pizza que custou dois milhões e meio de dólares, devolvidos pela dupla.

E mais: João Havelange, então presidente de honra da Fifa, pediu afastamento do cargo e o mesmo aconteceu com seu ex-genro, Ricardo Teixeira, então presidente da CBF, que não só se afastou como se mandou do país e foi morar nos Estados Unidos.

A CBF, então, como se sabe passou às mãos e José Maria Marin, agora preso na Suíça, e que foi substituído há cerca de um mês por Marco Polo Del Nero, ex-presidente da Federação Paulista de Futebol.

De acordo com o noticiário, não há nada contra Marco Polo.

Assim como a Fifa, a CBF era uma entidade pequena com acanhada sede num desconfortável prédio no rio de Janeiro

A nova sede, luxuosa e milionária na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro, custou o total de 100 milhões de reais, que teriam sido divididos em 70 milhões para compra d terreno e 30 milhões para a reconstrução do prédio.

Na época, cerca de um ano, houve denúncias de superfaturamento. Segundo reportagem da Folha de S. Paulo, o imóvel era avaliado em cerca de R$ 39 milhões.

Nada foi investigado.

Outro brasileiro envolvido pelas teias da Lava Jato esportiva é o ex-jornalista e empresário J. Hawilla.

Ex-repórter de campo e mais tarde apresentador de programas esportivos da TV Globo, Hawilla passou a se dedicar ao marketing esportivo, explorando profissionalmente as placas de publicidade nos campos de futebol.

A Traffic, sua empresa, levou para a CBF o primeiro patrocínio profissional da entidade em 1989: a Pepsi-Cola.

Anos depois, Hawilla levou a Nike para a CBF num contrato milionário e polêmico que foi alvo de uma CPI no ano 2000. A CPI não apurou nada contra Hawilla e sua empresa.

Durante muitos anos, a Traffic comandou, comercialmente, o futebol sul-americano com livre trânsito na Conmebol, também na Concacaf (entidade que comanda o futebol na América Central e do Norte), além de ter parceiros comerciais em quase todas as partes do mundo.

No ano 2000, foi a Traffic que organizou o primeiro Campeonato Mundial de Clubes da Fifa, disputado no Brasil, e que teve o Corinthians como campeão.

Enfim, a empresa que começou vendendo placas em pontos de ônibus, depois em estádios tornou-se uma potência.

E foi exatamente J. Hawilla quem detonou o esquema da Fifa.

Investigado desde o ano passado pela Justiça norte-americana, Hawilla assinou um acordo de delação premiada e passou as informações ao FBI.

Nesse acordo, Hawilla se comprometeu a devolver U$S 150 milhões ao Tesouro Norte-americano (Já devolveu US$ 25 milhões) e se declarou culpado das acusações de extorsão, fraude e lavagem de dinheiro.

Assim como na operação Lava Jato, muita sujeira ainda vai aparecer.

Dirigentes

Detidos na Suíça

 

José Maria Marin - Ex-presidente da CBF e membro do comitê organizador do torneio de futebol dos Jogos Olímpicos de 2016.

Jeffrey Webb - Vice-presidente da Fifa e membro do comitê executivo, presidente da Concacaf e presidente da Associação de Futebol das Ilhas Cayman.

Eduardo Li - Membro do comitê executivo da Fifa e presidente da Federação de Futebol da Costa Rica.

Julio Rocha - Integrante do comitê de desenvolvimento da Fifa. Presidente da Federação de Futebol da Nicarágua.

Costas Takkas - Assessor da presidência da Concacaf.

Eugenio Figueredo - Vice-presidente da Fifa e membro do comitê executivo da entidade. Ex-presidente da Conmebol e da Federação de Futebol do Uruguai.

Rafael Esquivel - Membro do comitê executivo da Conmebol e presidente da Federação de Futebol da Venezuela.

 

 

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