segunda-feira, 17 de agosto de 2015


Avenida Paulista exalando Democracia no domingo
 
Doce cheiro da democracia

 
Subi  os últimos degraus da estação de Metrô Masp-Trianon e dei de cara com a democracia e seu cheiro inebriante: milhares de camisas amarelas e verdes, faixas, cartazes, chapéus, apitos, pessoas sorridentes que não se conheciam mas se cumprimentavam lotavam a avenida Paulista.

Senti-me emocionado e importante por participar de tão importante momento da vida do nosso, ainda, verde e amarelo Brasil.

As palavras de ordem eram gritadas, aplaudidas e repetidas: “Fora, Dilma!” , “Lula ladrão, seu lugar é na prisão!”, “Abaixo a corrupção!”, uma delas mais longa e muito repetida: “A nossa / bandeira jamais será vermelha”.

O clima de patriotismo, as palavras de ordem me remeteram para as violentas manifestações após o golpe de 64.

Nas primeiras delas, eu era apenas um cidadão, trabalhando como linotipista nas oficias do jornal Minas Gerais; mais tarde, já participava como jornalista cobrindo o eventos.

Nos dois casos, era preciso muita rapidez para correr e não apanhar da polícia. Primeiro, lá em Belo Horizonte, depois em São Paulo, já no Jornal da Tarde.

Em BH, muros e paredes apareciam pixados com inscrições do tipo “Yankees, go home”!, “Gordon, go home”. Se referia Lincoln Gordon o embaixador  norte-americano no Brasil que teve participação ativa no golpe de 1964.

Em São Paulo, já se cantava “O povo unido, jamais será vencido”. E também “Pra não dizer que não falei das flores”, belíssima canção de Geraldo Vandré.

Nos dois casos, eram bombas de lacrimogênio, tiros com balas de verdade e cavalarias em cima dos manifestantes. Fora as prisões seguidas de porradas no Dops.

Tudo isso, a gente fazia pensando que estava lutando contra a ditadura militar, a favor da democracia. Aliás, coisa que a presidente Dilma volta e meia gosta de relembrr: “Lutei cntra a ditadura para trazer de volta a democracia”... diz ela, quando se faz entender.

Em um debate na Folha, o jornalista Fernando Gabeira disse: “Havia muita gente lutando pela democracia naquela época, mas não nós do grupo armado. Nós queríamos derrubar a ditadura e implantar a ditadura do proletariado. Não dá para voltar atrás e querer consertar o passado, dizendo agora que estava lutando pela democracia”.

Quando mentira a gente ouve hoje dos ex-guerrilheiros armados que se colocam como mártires defensores da democracia.

Na verdade, o povo era apenas massa de manobra (a tal luta de classes) para derrubar a ditadura militar e impor a ditadura do proletariado, um regime imaginado pela teoria de Karl Marx há 200 anos e que até hoje não saiu do plano teórico.

Mas, voltando à democrática avenida Paulista, cada um dava a mensagem que queria.

Hoje, segunda-feira, vejo nesse incrível mundo do Facebook que uma velhinha carregava um cartaz dizendo que a Dilma deveria ter morrido na prisão.

O pessoal da esquerda fofa logo apontou a periculosidade da velhinha, uma terrorista sanguinária. O cartaz rolou pela internete como se aquela tivesse sido a mensagem de 200 mil pessoas na avenida Paulista.

Ah!, como essa esquerda é fofa.

Enquanto isso, não muito distante dali, o pessoal da Cut se reunia em apoio ao ex-presidente Lula. Foram 600 pessoas levadas de ônibus pela Cut: receberam sanduíche e tubaína. Uma festa!

Pró Lula, 600 pessoas; abaixo o PT e a corrupção, 200 mil.

Não sei por que, mas me lembrei de Brasil x Alemanha.

Um comentário:

  1. Movimento que precisa ser levado às urnas, contra os vagabundos dos parlamentares, vergonha do País.

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