Caiu em Itaquera,
O juiz coopera.
A singela, mas elegante rima do título que, aliás,
traz rica e criativa metáfora, é de autoria atleticano-jornalista-escritor-contista-cronista-empresário
Gilberto Mansur e me foi enviada a respeito do meu último blog, que dediquei
mais à beleza e conforto da Arena Corinthians do que à tranquila vitória corintiana
sobre o Cruzeiro.
Não que o Mansur tenha ficado triste com a
derrota do Cruzeiro. Looonge disso!
O também jornalista e pioneiro no marketing
político do Brasil, Chico Santa Rita (que acaba de lançar o livro “De como
Marina e Aécio ajudaram a eleger Dilma” (160 páginas, R$ 34,90), palmeirense,
aproveitou para responder ao amigo Gilberto Mansur:
Caiu no Mineirão,
O juiz mete a mão.
Santa Rita está se referindo ao pênalti
cabeludo que o juiz deu a favor do Atlético no jogo contra o Palmeiras, no
último domingo.
A rima é boa também, só que o jogo foi no
Horto e não no Mineirão.
Talvez a rima possa ser ampliada:
Caiu no Horto
Ou no Mineirão,
O juiz mete mão.
O certo é que se o futebol em si já mexe com
todo mundo, arbitragem então nem se fala.
Eu parto do princípio que o juiz é honesto.
Ele erra por que é humano.
Assim como erra o centroavante goleador que
perde gol feito; o grande goleiro que toma um frango; o médico que amputa a
perna errada; o jornalista que aponta o grande favorito para o jogo do dia seguinte
e o grande favorito perde de cinco; assim como um Brasil que perde por 7 a 1
para a Alemanha.
Não que o juiz pertença a uma casta de
virgens imaculadas que jamais conheceram o erro. Até porque o santo, só é santo
depois que morre.
Mas o juiz não pode competir com dezenas de
câmeras de televisão que olham como se tivessem mil olhos e repetem os erros à
exaustão. É tanta repetição que chega um momento que aquele errinho difícil de
encontrar, passa a parecer um grande
escândalo.
Não se pode negar, também, que a maioria dos
erros favorecem o time grande. Na maioria das vezes, os times de casa e, daí, a
origem dos juízes caseiros.
Eu nunca vi um juiz “roubar” a favor do meu
América. Não que sejamos um time pequeno. Afinal, a nata de Minas torce pelo
América. Não temos culpa se na terra do queijo a nata é pequena.
Há sempre um juiz roubando para alguém.
Aqui em São Paulo conta-se que antigamente,
naquele tempo em que os grandes roubos se limitavam a pênaltis não marcados, um
determinado juiz, devidamente comprado, assinalou um pênalti não existente a
favor de seu “patrão”.
O batedor do pênalti errou e o juiz mandou
repetir. Ele errou novamente. O juiz mandou repetir e só então ele marcou para
alívio do homem de preto que pôde respirar aliviado e receber sua grana. O
pixuleco da época.
O juiz mineiro Joaquim Gonçalves carregou o
apelido de Qim-quim Carijó em alusão ao Galo; José de Assis Aragão, paulista
que apitou uma temporada no futebol mineiro, recebeu o apelido de Aragalo.
Mas ninguém foi tão famoso quanto Alcebíades
Magalhães Dias, o juiz atleticano apelidado de Cidinho Bola Nossa.
E por que o apelido Bola Nossa? O próprio Cidinho
contou milhares de vezes:
- Atlético e Botafogo do Rio
jogavam na inauguração do estádio do Cruzeiro em 1949. Afonso e Santo Cristo
disputavam a bola para saber de quem era o lateral. Quando o beque do Atlético
me perguntou de quem era a bola, deixei escapar uma frase que me acompanhou para
o resto da vida – É nossa, Afonso, a bola é nossa".
Ouvi, certa vez, o relato de
Kafunga, histórico goleiro do Atlético e do futebol Mineiro que, após deixar as
chuteiras, tornou-se comentarista de rádio.
Segundo Kafunga, o Atlético
enfrentou o Corinthians no Pacaembu, em jogo amistoso, e Cidinho era o juiz (explica-se: na época,
os times que viajavam levavam o seu juiz). Jogo duro, mas o Galo conseguiu
fazer 1 a 0.
Kafunga, goleiro malandro,
começou a fazer cera, retendo a bola. A torcida vaiava, xingava, gritava. Os
jogadores do Corinthians cercaram o franzino Cidinho, exigindo providências.
Cidinho tirou um pique do meio
do campo até o gol onde estava Kafunga e com gestos exagerados, como se tivesse
dando a maior bronca do mundo, gritou par ao goleiro:
- Pode fazer cera, pode fazer
cera que eu não vou descontar nada!
Cidinho foi aplaudido pela torcida
e o Galo ganhou por 1 a 0.
Ao terminar a sua carreira de
juiz, Cidinho candidatou-se a vereador. Seus cartazes de propaganda eram mais
ou menos assim:
Para Vereador
Alcebíades Magalhães Dias
O Cidinho Bola Nossa
Claro, foi eleito.
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